domingo, 22 de setembro de 2013


                                                            Honda Pop

Olá Pessoal, neste blog pretendemos falar um pouco sobre as maravilhas da nossa terra, sobre viagens e uma paixão que surgiu na minha vida aos 46 anos de idade, o motociclismo, com certeza é uma bela e barata opção para podermos conhecer muitos lugares sem grandes investimentos.
Em primeiro quero falar sobre as motocicletas que experimentei  nos meus poucos anos de pilotagem.
minha primeira moto foi uma Honda Pop, sem dúvida uma maravilha de baixa cilindrada, a maquina que aprendi a pilotar, tenho saudades desta motocicleta pois ela é "pau pra toda obra" sem dúvida apesar de ser muito resumida pois não tem quase nada em tecnologia mas com certeza a excelente mecânica compensa o investimento.
Nas viagens que fiz por aí não posso deixar de citar meus parceiros e grandes amigos, os Irmãos Norberto e Roberto Maslak, Claudio Peixoto o Arnold Shwarzeneger (Zé Krentz) que me deixaram acompanha-los e sempre zelam por minha segurança pois sou o menos experiente do grupo.
Abaixo foto das aventuras pilotando a pequena Pop.


                                      


Em Barão do Triunfo com os amigos e a pequena Honda Pop



                                           Viagem A Praia Da Pinvest

   Andei meio desmotivado no segundo semestre de 2011, estava travando uma batalha com a depressão, fazia poucos dias que havia voltado a tomar os medicamentos necessários para o controle desta doença silenciosa e destrutiva, foi difícil retomar um tratamento que por ordem médica eu havia abandonado, as conseqüências foram as piores possíveis, pois a recaída causa muito mais danos, mas fui me recuperando lentamente.
 Há algum tempo antes eu havia comprado uma motocicleta, uma Honda Pop, pequena, econômica e muito confortável, ótima para minhas necessidades, eu que não gostava muito deste tipo de transporte comecei a tomar gosto pela coisa, mas com muita cautela, pois sei bem dos perigos que andar sobre duas rodas representa.
   Depois de treinar bastante eu já pilotava a motocicleta com segurança e habilidade, e foi num sábado (numa manhã primaveril de Outubro) que eu e os amigos Roberto, Norberto e Peixoto combinamos de fazer uma pequena viagem até tapes, uma cidade situada as margens da Lagoa dos Patos, mas a idéia era seguir pelo rumo da costa doce, pelas poeirentas estradas de chão, onde a paisagem é seguramente de tirar o fôlego.
   Para mim “marinheiro de primeira viagem” tudo era novidade um sentimento de liberdade me invadia, tudo era perfeito, o dia ensolarado, a poeira, a paisagem dos caminhos solitários, um ambiente bucólico, maravilhoso para quem quer alimentar a alma, a rusticidade das vias não permitiam andar em grandes velocidades, mas em alguns momentos quando a estrada permitia chegávamos a andar a uns sessenta kilometros por hora, mas em seguida tínhamos que diminuir, pois havia locais com muita areia, que chegavam facilmente a uns dez centímetros de profundidade, quando a gente percebia já estávamos trafegando sobre o areal e aí se precisa administrar a motocicleta para que se reduza a velocidade sem freiá-la, é mais ou menos como dançar um tango de patins, a motocicleta baila de um lado para outro e a adrenalina vai fazendo sua parte, cheguei a ter um frio na barriga, mas não tive medo, algumas vezes foi preciso apoiar o pé no chão para não se estatelar na areia.
   Mas fizemos tudo com segurança, sem abusar da velocidade nem se distanciarmos demais uns dos outros, quando percebíamos que alguém havia ficado para trás a gente diminuía e esperava até que pudéssemos avistá-lo pelo retrovisor, eu me sentia nas nuvens, pois nunca tinha participado de uma aventura sobre duas rodas “motorizadas”.
    Depois de horas de viagem passamos por um vilarejo que precedia a cidade de Tapes, logo à frente pegamos uma estrada à esquerda e chegamos a um balneário, somente depois fiquei sabendo que se chamava Praia Da Pinvest, maravilha de lugar, a lagoa era uma beleza, aquela praia me parecia um lugar onde o sossego se esconde para descansar em paz.
   Minha moto teve um problema, pois toda a vez que eu diminuía a velocidade ou freava a motocicleta apagava, pensei que fosse alguma coisa séria e que teria que procurar um mecânico, mas não foi preciso, pois com uma pequena chave de fenda meu amigo Roberto resolveu o problema, apenas a “lenta” havia desregulado disse-me ele.
   Almoçamos em um restaurante que era de propriedade de descendentes de alemães, pessoas muito receptivas e agradáveis, na casa havia um mirante construído por eles que nos convidaram a contemplar a paisagem lá de cima, era muito lindo, pulsava em mim uma vontade muito forte de morar num lugar assim, a brisa da lagoa, a água límpida, as areias brancas, tudo maravilhoso, que dia, que aventura, que grandes amigos, tudo era perfeito.
   Depois do almoço fomos até a cidade para abastecer, logo seguimos viagem, mas agora de volta, novamente a poeirenta estrada povoada pela solidão dos andantes e pelas paisagens de cartão postal.
   A tarde foi nublando e o ronco das motos cortava o silêncio das planuras naquele melancólico e acinzentado cenário do mês de Outubro.
    A imensidão da Pampa trazia um bordão triste de milonga aos meus empoeirados ouvidos, os velhos pontilhões de madeira, os arroios, o vento insistente que varria à tarde, um sentimento de distância e liberdade, uma paz interior me tomava por completo, só nós, quatro amigos e as estradas sem fim pela frente, um presente de Deus para mim, uma pessoa pobre materialmente, mas que teve o privilégio de desfrutar deste raro instante de estase em que a felicidade chega a penetrar nos poros e parece percorrer nossa corrente sanguínea assim como nós percorríamos os caminhos sinuosos do lugar.
   Num determinado momento eu vinha logo atrás do Peixoto, ele com uma magnífica motocicleta Kazinski toda equipada, quando me dei por conta vi a moto dele dançando (aquele tango de patins que me referi antes) logo em seguida uma explosão de poeira e passei pelo amigo estatelado no chão, assim que pude parei a minha motocicleta  pois a areia não permitia frear bruscamente,
soltei-a sobre o apoio e voltei correndo para ver como ele estava, eram mais ou menos uns trinta metros de distância, mas correr com os pés atolados na areia não era muito fácil, ao chegar ao local constatei que o amigo estava bem, nem mesmo um arranhão, a motocicleta intacta, um pouco empoeirada é claro, mas graças a Deus nada de mais havia acontecido, conversamos rapidamente sobre as causas do acidente e logo retomamos a viagem, eu não pude me conter, ao longo do caminho eu vinha às gargalhadas ao lembrar o “velho Peixoto” se esborrachando no meio da poeira, que cena, por não ter sido trágico foi lindo.
    Numa bifurcação da estrada existe um lugar de beleza única, de um lado, a nossa esquerda, uma velha capela abandonada, ao fundo alguns galpões, arvoredo antigo a denunciar que em outros tempos aquelas solitárias instalações já foram povoadas de vidas, no outro lado da estrada um velho casarão com arvoredo também entregue a sorte do abandono.
   Invadimos o pátio da velha casa abandonada e furtamos algumas mudas de orquídeas, enquanto o amigo Norberto tentava conquistar a confiança de um cão que aparentemente vivia também meio abandonado por ali, mas era arisco, sacudia o rabo ao ver o amigo chamá-lo, mas não se aproximava nem deixava que o Norberto se aproximasse dele.
    Depois do “saque” feito, eu e o Peixoto apanhamos o produto do furto (as mudas de orquídeas) e acomodamos nas motocicletas de forma que o vento não as danificassem e pegamos a estrada novamente, as nuvens foram ficando mais escuras e parecia que vinha chuva, mas foi só um prenúncio,  ficou por isso mesmo.
  Às vezes fico imaginando, como quem nos avistasse  de uma certa distância, que  cena, aquele risco de pó levantando do chão na tarde turva e ao longe quatro motocicletas traçando um caminho... sinuoso caminho de volta a realidade pelas belas estradas da costa doce.

                                    
Claudio Peixoto e sua Kasinski



                                                              O Tombo

    Sempre ouvi dizer, não há quem ande de motocicleta e não tenha caído um dia, quando comprei a Pop pensei nisso torcendo para não ser verdade, sempre tive medo das quedas mas para tudo há a primeira vez.
    Quando eu e meus amigos fomos à Barão do Triunfo eu já estava pilotando relativamente bem (dentro das minhas limitações) as estradas eram cheias de curvas pedregulhos e areia grossa, éramos mais ou menos uns oito motociclistas, coisa linda de ver aquela coluna de poeira levantando quando passávamos, o ronco dos motores, a paisagem que mudava a todo o momento, o menos experiente era eu por isso pilotava com cuidado.
    A pequena Pop não “negava fogo” era pequena , mas valente, umas das curvas do caminho era ascendente, eu acelerei para embalar a motocicleta mas no topo a curva declinava e com a velocidade que vinha perdi o controle, fui ao freio bruscamente e a Pop rodou, me estatelei na areia cheia de pedregulhos, me doía muito... Muito mesmo ver minha Pop emborcada no chão, levantei com dificuldades e fui ver se havia estragado alguma coisa na moto, mas foi apenas um esfolado no manete do freio nada mais.
    Alguns minutos depois comecei a sentir dores no corpo e no joelho que havia esfolado mas segui viagem, o bom cabrito não berra dizia a minha avó.
   Logo adiante o Roberto Maslak teve o pneu traseiro da Honda Saara furado, mas foi já bem perto da pequena Barão do Triunfo, chegamos a um posto de gasolina onde havia uma borracharia e resolveram o problema.
  Em seguida fomos almoçar, hora da bóia que maravilha.
    Para encurtar o relato depois de andarmos pelos pontos turísticos da região voltamos para casa ao final da tarde, no caminho de volta uma abelha entrou em meu capacete e me picou na boca, que dor horrenda, não era meu dia de sorte (ou era de muita sorte) mais adiante cruzamos por uma aranha caranguejeira atravessando a estrada e os amigos pararam para tirar uma foto, ela era enorme.
   No final do dia ao chegar em casa sentia as dores adquiridas nesta aventura, meu joelho levou uns dois meses para ficar bom.



Acima a Pop depois do tombo sem sequelas.




Honda Fan


Minha segunda motocicleta era também uma maravilha uma Honda Fan  125 cilindradas, com certeza insuperável no quesito mecânica, fiz algumas viagens com ela, uma bela maquina com ótimo rendimento e desempenho.Abaixo foto de uma viagem que fiz com ela.




Lindos caminhos da Pátria Gaúcha na costa doce



Natureza exuberante, alimento para a alma.

                                   
                             








Suzuki Intruder

Esta sem dúvida foi paixão à primeira vista, para mim tudo que pode haver de bom numa motocicleta está
inserido na Intruder, a melhor motocicleta  que pilotei até hoje (opinião minha) esta com certeza não me desfaço dela por nada, confortável, silenciosa, não é agressiva, enfim tudo de bom.
Abaixo foto da Intruder, minha paixão sobre rodas.



 Intruder tudo de bom numa motocicleta de baixa cilindrada.

                                       

                                                 
Eu de Intruder


Sundown
Também tive uma Sundown Hunter 100 cilindradas, apesar de ela ter partida elétrica, painel com sinalizador de cambio, não me acertei com esta motocicleta..
Abaixo foto da megera.




Norberto e Roberto Maslak

Os amigos Norberto  Roberto gostam de motocicletas mais reforçadas abaixo a Saara do Roberto 

Abaixo a velha  e a nova Honda Bross do amigo Norberto


Nova em folha na primeira viagem 

                                               
                                      Tropas na estrada a poesia captada pela lente
                                    Carne de primeira
                                     Paisagens pampeanas
                                   A velha igreja no caminho de Tapes
                                   Poeirentas estradas
The Krentz  ao celular
Norberto Maslak preparando um lanchinho
Claudio Peixoto, Roberto Maslak e Eu 
Eu, Air Minha esposa e Peixoto


                                                                

                                                                   





                                                            A Ponte


       Muitas vezes há obstáculos no percurso, numa das nossas andanças pretendíamos chegar ao pontal de tapes, saímos eu o Roberto e o Norberto, pelo caminho que já falei anteriormente, as estradas da costa doce, desta vez a missão era chegar ao pontal de tapes, saímos pela manhã e chegamos a Pinvest na hora do almoço, almoçamos na “Cantina dos  Pinheirais” um ótimo lugar para parar descansar e comer, o maior “xis” que eu já vi até hoje, foi difícil dar conta mesmo com muita fome.
      Logo após um breve descanso saímos novamente em busca do nosso objetivo, mesmo sem saber se iam deixar-nos entrar (pois é uma propriedade privada) havia ainda o plano “B” analisamos a margem da lagoa e chegamos a cogitar a possibilidade de entrar por água.
     Seguimos até a entrada da propriedade e conversamos com um jovem que estava guardando o local, disse ele que o posto era de outro sujeito e que estava ali por pouco tempo, pedimos para entrar  ele nos permitiu, até nos escoltou com sua motocicleta,  tinha muita pratica em andar na areia solta, ou era meio maluco mesmo, contou ele que talvez não fosse possível chegarmos até o pontal, pois havia uma ponte que foi condenada e talvez fosse desmontada naquele dia mesmo para dar lugar a uma nova, andamos alguns kms dentro da propriedade até chegarmos, ainda era possível atravessar, mas quando voltássemos ela não estaria mais ali, pois estavam desmontando-a naquele exato momento.
    Para encurtar o assunto voltamos para casa, um pouco frustrados pelo não cumprimento da missão.
     Planejamos voltar e assim fizemos, dois meses depois voltamos ao local, desta vez com reforços,  fomos eu o Roberto, Norberto, Zé The Krentz  (Arnold  Schwarzneguer ), e um amigo dele, Reinaldo é o nome se não me engano,  reforço bagual  tchê, com esta tropa não tinha “peleia braba” e lá fomos nós, tudo de novo, o guarda era realmente outro, mas liberou a entrada,  avisou-nos que  a ponte ainda não estava pronta, missão abortada novamente, mas com certeza não foi tempo perdido, comer poeira, amassar barro e tomar chuva no lombo faz parte do “pacote”
     Algum tempo depois voltamos novamente, com a tropa mais reforçada ainda, saímos de Guaíba num sábado de muita chuva, fomos pela estrada de chão (RS 05) até o município de Barra do Ribeiro, a estrada estava horrível, levamos quase uma hora para andar uns 20 km
  Nos  reunimos  em um posto de gasolina e resolvemos seguir o resto do caminho pela BR 116
e foi como fizemos,  na rodovia, acho que o local era perto de tapes, paramos para almoçar, a chuva havia aliviado,mas a fome não,  no cardápio uma espécie de à la minuta acompanhada de uma deliciosa  Chuleta de porco, maravilha de comida.
   Depois do almoço seguimos viagem, chegamos à entrada da propriedade conversamos novamente com o responsável pela vigilância do local e conseguimos autorização para entrar, já sabendo que a ponte estava pronta.
     Seguimos caminho, a maravilhosa paisagem talvez tenha alguma parcela de culpa num pequeno acidente entre dois integrantes do nosso grupo, um deles parou a motocicleta e o outro que vinha distraído atrás bateu no primeiro, por sorte ninguém se machucou, mas houve danos no pedal de cambio de uma das motos, o Zé The Krentz,  (o nosso  Arnold Schwarzeneguer)  que é certamente um dos mais experientes motociclistas que conheço  resolveu o problema, ele  carrega sempre muitas  ferramentas e uma mochila com tantas coisas que eu suspeito que dentro dela haja até uma motocicleta reserva desmontada para uso em emergências.
    Ao chegar  na ponte havia uma porteira fechada, mas conseguimos passar por uma espécie de cancela ao lado, seguimos por alguns kms e a areia solta foi aumentando, até que ficou quase impossível de trafegar, tínhamos que andar em baixa velocidade e os motores esquentavam muito, a tarde foi definhando e andar à noite num lugar destes não é fácil, nisso todos concordamos, minha motocicleta na época era uma Honda FAN Excelente maquina mas não era a ideal para andar na areia (nem o piloto) fiquei aliviado quando resolvemos voltar.
   Desta vez cruzamos a ponte  mas não cumprimos totalmente a missão de chegar ao pontal, certamente  haverão outras tentativas, mas sempre com a preocupação em primeiro lugar com a segurança e integridade física dos componentes do grupo.
   Com certeza  os fatores mais  importantes de tudo isso são a parceria, lealdade, amizade, confiança e autoconfiança que conquistamos  ao longo dos caminhos da pátria gaúcha.

                              
                                 Cantina Dos Pinheirais, o maior "Xis" da costa doce.

                                              Ponte a segunda tentativa frustrada

                                       Zé The Krentz  (Arnold Schwarzeneguer)
                                Um dos motociclistas mais experientes que conheço



                                          Tempos depois finalmente a travessia