A
Ponte Do Silêncio
No inicio da
década de 90 tive por ocasião do meu primeiro casamento o privilégio de morar
em um sitio em Nova Santa Rita
(que na época ainda não era emancipada), uma das coisas que me fascinava, era o
trem, que corria imponente sobre os trilhos da estrada de ferro.
Não foram poucas
as vezes que caminhei léguas sobre os trilhos, as paisagens, as pontes, e o
silêncio das distâncias me ajudavam a colocar meus conturbados pensamentos em
ordem.
Entre a estação
ferroviária de Vasconcelos Jardim e a divisa do município com Triunfo, deve ter
em média umas sete ou oito pontes ferroviárias pequenas, algumas sobre várzeas,
outras sobre pequenos arroios e outras pontes secas sobre estradas, algumas
delas dentro de fazendas locais.
Mas a ponte da
divisa fica sobre o rio Caí, esta tem no seu vão maior sobre o rio mais ou
menos uns cento e cinqüenta metros de comprimento e uns quarenta de altura.
Antes do vão maior
no lado que pertence à Nova Santa Rita há quatro pequenas pontes sobre a
várzea e do outro lado duas contando com
uma ponte seca sobre uma estrada mais adiante.
Nos anos noventa
foram muitas as tardes de sábado em que andei sobre os trilhos até a ponte
grande, subia até o topo do arco de quarenta metros (mais ou menos) e ficava lá
por horas admirando a paisagem e desfrutando do silêncio, que só era quebrado de
vez em quando por um pássaro ou outro e pelo apito do trem varias vezes por semana.
Pode-se dali enxergar
o horizonte, as várzeas, os arrozais, os campos e o rio serpenteando em seu
caminho.
Em duas ou três
ocasiões pude do alto da ponte presenciar o trem passando, a sensação é
maravilhosa a ponte vibra, trepida, sacode enquanto os vagões passam lentamente.
Contei estas
experiências aos amigos Norberto e Roberto e acabei contaminando-os com os
relatos sobre a ponte do silêncio.
No Sábado dia
04/01/2014 combinamos ir até lá com nossas motocicletas, e assim foi feito,
atravessamos pela balsa de São Jerônimo até Triunfo, aproveitando a ocasião do
passeio lá conhecemos a casa onde nasceu Bento Gonçalves, um dos lideres da
revolução farroupilha.
Logo seguimos
adiante por uma rodovia, percorremos uns trinta
kilômetros, depois contornamos o pólo petroquímico até uma estrada pela
qual chegaríamos bem próximos a ponte.
Os últimos
setecentos metros teria que ser a pé, andando sobre os trilhos, a idéia era
esperar que o trem passasse pela ponte enquanto estivéssemos lá em cima, mas
estávamos bem longe de chegar quando ele passou.
Conversei com o capataz de uma fazenda próxima e pedi-lhe que deixássemos as motocicletas dentro da propriedade perto de capão de mato, ele permitiu. Depois nós seguimos caminho andando a pé.
Chegando lá subimos a ponte e
esperamos por quase duas horas e não passou mais nenhum trem.
Os irmãos Norberto
e Roberto tiraram varias fotos para confirmar a história que conto, ao final da
tarde seguimos para Guaíba com a promessa de voltar lá novamente e esperar pelo
trem.
Nota: Por mais difíceis que tenham sidos alguns momentos do passado sempre haverá algo de bom para lembrar.
A Balsa
Igreja Bicentenária em Triunfo
Casa onde nasceu Bento Gonçalves (em restauração)
Fundos da casa
Busto de Bento
Sombra e água fresca
Perdemos o trem
Eco estacionamento
Estrada de ferro
A Ponte
Seguindo os trilhos
Dormente a dormente
Eu vou em frente
Rumo ao horizonte
Meus passos lentos
Que trotearam um dia
Agora lerdos
A buscar a ponte
E qual um cerro
Ela surge imponente
A cruzar torrentes
E o varzedo esguio
Entrega ao compasso
Das locomotivas
A outra margem
Onde repousa o rio
Ao subir a ponte
Pelo arco enorme
Não busco as margens
Como faz o trem
Quero os silêncios
Os ventos as alturas
Onde meus olhos
Possam ver além
...o silêncio
As várzeas
Sem medo...
...sem vertigens
Maravilhas da natureza
e grandes obras da engenharia
Vista de tirar o folego
Voltaremos...