No Domingo dia 15/12/2013 se Deus quiser estaremos dando inicio ao projeto “Viagem Ao Garrão Da Pátria”, uma viagem ao Chuí seguindo pela margem esquerda da Lagoa Dos Patos (entre a Lagoa e o oceano Atlântico) eu (Élson) Norberto e Roberto Maslak, Ruberval Ramos, Zé “The Krentz, Eliezer Beyer e um tio da esposa do Ruberval que conheceremos no domingo.
O Ruberval e o amigo que ainda não conheço irão de automóvel para nos dar um apoio na viagem, os outros nos quais me incluo irão de motocicleta.
Dia 15/12/2013 como havíamos preparado o roteiro e combinado, saímos, eu, Roberto e Norberto Maslak, Zé The Krentz e Eliezer Beyer nas motocicletas, Ruberval Ramos e seu amigo Jorge numa Chevrolet Meriva para apoiar o grupo.
Era uma manhã nublada de domingo, mas eram nuvens tipo nevoeiro, não havia previsão de chuva, as condições climáticas não poderiam ser melhores.
Nosso objetivo era viajar tranquilamente sem pressa rumo ao “garrão da pátria” o Chuí, a rota prevista no roteiro seria entrar pela estrada do inferno e seguir até Bojurú onde dormiríamos. No dia seguinte sairíamos rumo a São José do Norte, Rio Grande, Cassino, Taim e Santa Vitória do Palmar, nesta cidade seria o segundo pouso para no terceiro dia irmos ao Chuí e depois seguirmos para Piratini e no dia seguinte voltarmos para casa.
Assim foi feito, antes das 7 hrs da manhã nos reunimos na casa dos irmãos gêmeos Norberto e Roberto, assim partimos com a primeira parte da caravana, pois seguimos para Gravataí para acolher mais um integrante ao grupo, o amigo The Krentz e sua maravilhosa Shadow 750 cc.
De lá seguimos, em algum ponto da RS 040 paramos era o famoso "Rancho Do Capivarí" esticamos as pernas e depois seguimos até Capivarí onde fomos à um mercado para comprar alguma coisa, logo adiante uns cem metros à frente havia uma blitz da policia rodoviária estadual. Pensei que com certeza seriamos parados, mas me enganei, passamos livres sem problemas, mesmo que fossemos abordados não haveria o que temer, apenas perderíamos tempo e este tínhamos de sobra. Então seguimos rumo a Capivari onde entramos pela estrada do inferno.
A seguir para não perder o “fio da meada” vamos contar desta jornada por partes.
Saída de Guaíba bem cedo
Rancho Do Capivarí
Bacoparí
Seguimos alguns
(muitos) kilometros pela estrada do
inferno procurando um lugar aprazível para assar uma carne, foi então que
adentramos em um balneário que mais tarde fiquei sabendo se chamar Bacoparí, a
praia era muito estranha tinha uma espécie de barranco na margem e o casario
lembrava uma favela, confesso que não gostei do lugar.
Resolvemos
procurar mais e achamos um camping, meio improvisado e com quase nada de
estrutura, mas as sombras eram maravilhosas e tinha até churrasqueira.
Mas tivemos que
pagar uma pequena taxa para usufruir do local.
A carne assada
estava uma maravilha suculenta e macia, comemos bastante descansamos um pouco e
depois seguimos viagem em direção a Bojurú nosso destino final no primeiro dia.
As paisagens lindas, o dia estava muito bonito e as
motocicletas devoravam as distâncias na estrada.
Churrasco na rica sombra em bacoparí
Pouso Em Bojurú
Chegamos a Bojurú
com duas braças de sol, achamos a pousada do nosso roteiro com facilidade, pois
o centro da cidade tem apenas uma pequena rua.
Depois de acomodados fomos sondar o
terreno, achamos uma festa na igreja local, tinha até show ao vivo, um
tecladista uma cantora muito bonita e uma dançarina de pernas grossas e bem
torneadas.
Neste lugar não há
uma farmácia sequer nem segurança pública ou agência bancaria.
Ao cair da noite
depois da janta pegamos os violões (eu e o Rubinho) e começamos a tocar umas
músicas que há muito não tocávamos, combinamos que nosso repertório estaria
mais para ensaio que para apresentação.
Em seguida peguei a
gaitinha de oito baixos para arredondarmos umas “marcas”
parece que a música tem mesmo uma magia, em seguida haviam
pessoas da comunidade nos escutando e pedindo para “tocar aquela” das antigas,
nesta brincadeira saiu até o Canto Alegretense entre outras que tocamos.
Nas tréguas entre
uma música e outra surgiam assuntos do dia a dia daquela gente humilde e
hospitaleira.
Relataram-nos que aquele
pequeno paraíso no sul do mundo já foi mais esquecido do que é atualmente, para
ir até São José que fica a uns setenta
kilometros tinham que levar mantimentos, pois a viagem poderia se estender por
dias.
Contaram de
atoleiros e sumidouros que engoliram caminhões inteiros com suas cargas, mas
mesmo assim me pareceram pessoas felizes.
Confesso que há
muito não me sentia tão bem por tocar entre amigos, não havia naquele momento
sequer uma pequena preocupação, nem vaidades em relação à música, o tempo parou
para descansar com a gente, não existiam ali
nem problemas nem estresses, só o agora seguindo a passos lentos sem
pressa nem planos.
Nota: Na pousada Freitas em Bojurú não havia garagem, os proprietários gentilmente cederam o salão na entrada do estabelecimento para acomodar as motocicletas.
Os campos litorâneos
Pousada em Bojurú
Muita comida boa...
...e música
Estacionamento no salão, hospitalidade sem medir esforços
Segundo
Dia
O Estreito
Na manhã do segundo
dia após o café na pousada Freitas saímos cedo rumo a São José Do Norte (no
extremo sul do Brasil) pegamos a estrada do inferno novamente.
Esta era um tapete
estendido rumo ao sul do mundo, o asfalto neste trecho é muito bom, em seguida
passamos por um lugarejo chamado estreito, onde a lagoa dos Patos e o oceano
Atlântico quase se tocam, a paisagem é uma das mais lindas que eu já vi em
minha vida. Há uma magia neste lugar, tudo o que se vê ao redor é uma natureza vibrante
de energia positiva, um lugar para parar ajoelhar-se e agradecer a Deus por
este presente maravilhoso.
Sinto-me um privilegiado por ter a
oportunidade de conhecer este pedaço esquecido do nosso estado.
Pelo caminho eu e o
amigo Norberto ajudamos algumas tartarugas a atravessarem a rodovia, mas quando
topamos com uma cobra de “braça e meia” atravessando, a deixamos a vontade para
concluir o trajeto.
A Travessia
Ao chegar a São
José do Norte descobrimos que teríamos que entrar em uma fila para embarcar o carro
e as motocicletas na balsa para Rio Grande, o sol estava escaldante, logo a
balsa chegou e seguimos por água rumo à outra margem. A travessia demora em
média 30 minutos, a balsa é enorme, embarcaram mais ou menos uns oito
caminhões, incluindo uma carreta, e uns vinte automóveis e nossas cinco
motocicletas.
Pagamos uma taxa de
R$ 5,00 por motocicleta e R$ 20,00 pelo automóvel Meriva do Ruberval.
Ao desembarcar na
outra margem seguimos para a praia do Cassino, por lá eu, o Ruberval, Jorge e
Eliezer fomos até o final dos molhes numa vagoneta movida à vela, avistamos os lobos marinhos, mas não conseguimos nos
aproximar deles. Em seguida seguimos
em direção à entrada do Chuí, mas antes pretendíamos almoçar descobrimos um local que serve o prato feito com valores bem
em conta.
Almoçamos e seguimos viagem rumo a Santa Vitória do Palmar.
Nota: Nas estradas as pessoas nos acenavam das lavouras, automóveis davam sinais de luz e dentro das cidades nos perguntavam sobre o destino da viagem e os transeuntes paravam nas calçadas para assistir a passagem do grupo.
Encontramos um grupo de ciclistas que seguiam para a o Uruguay e depois Argentina.
A Balsa
A travessia
Cassino
Um breve descanso na sombra...
...antes da longa jornada para Santa Vitória
O
Banhado Do Taim
A estrada que
atravessa a reserva ecológica do Taim caracteriza-se por suas longas retas, uma
com certeza com mais de cem kilometros, os ventos castigam as motocicletas o
tempo todo, os motores aumentam bastante o consumo pela força que precisam
fazer para transpor as barreiras de ventos nos campos neutrais.
Dentro da reserva
ecológica a velocidade máxima é de 60 km em alguns trechos cai para 40 km, mas a vista é de tirar
o fôlego, Tajãs, capivaras, marrecas, colhereiros e tantas outras espécies de
animais que nem sei como se chamam.
Descobri depois
que a região se chama “Campos Neutrais” em razão do tratado de Santo Idelfonso entre Portugal
e Espanha onde se previa que esta região não poderia ser colonizada nem por
portugueses nem por espanhóis para evitar o confronto armado entre os
colonizadores.
Sem dúvida este
eco-sistema é um presente da natureza, a beleza da flora e da fauna local é
indescritível.
...sem palavras....
Santa Vitória Do Palmar
Depois de muito
andar chegamos a Santa Vitória, me surpreendi com o crescimento desta cidade,
há dez anos atrás estive lá e me parecia muito menor do que é hoje.
Conforme o
roteiro nos hospedamos no hotel Brasil, as acomodações são ótimas e com um
valor bem em conta, o hotel tem internet livre para os hospedes, piscina, quartos com frigobar
etc... Para quem participava de uma
aventura como nós estava ótimo.
No final da tarde
eu, o Norberto e o Eliezer caímos na piscina para relaxar um pouco.
Logo mais à noite
jantamos em uma pequena lancheria no centro, a Sra. Dilma dona do
estabelecimento foi muito receptiva com a gente, o bauru que ela faz é muito
bom.
Dalí seguimos para
o hotel e fomos até tarde tocando uns acordes, brincadeiras e apelidos entre os
integrantes da “Expedição Chuí” era o que nunca faltava.
Pórtico de Santa Vitória Do Palmar
Muita música
Terceiro Dia
O Chuí
Dormi feito uma pedra, acordamos cedo no dia seguinte
tomamos café da manhã e seguimos para o Chuí, os freeshopings repletos de
mercadorias a preços convidativos, lá descobri que a Avenida central é
bilíngüe, de um lado da rua o idioma é o
português do outro é o espanhol.
Não pudemos
adentrar no Uruguai por motivos de documentação pendente por parte de um dos
companheiros, mas isso era o de menos, notei que do lado de lá da fronteira
ainda há muita pobreza, bem mais que no Brasil, mas uma coisa em especial me
chamou atenção, observei também que as pessoas não chaveavam seus automóveis e
os deixavam estacionados enquanto se dirigiam ao trabalho, motociclistas
acomodavam seus capacetes no retrovisor das motos que ali ficavam e assim por
diante...
Em seguida
voltamos a Sta. Vitória para almoçar, novamente na lancheria da Sra. Dilma, a
comida estava uma maravilha.
À Tarde seguimos
de volta pelo Taim o vento estava um pouco pior e o rendimento da viagem
prejudicado.
Paramos em um
local onde há uma velha casa abandonada habitada por uma figueira que ergue-se
de dentro dos seus aposentos.
O amigo Norberto
capturou muitas imagens fotográficas da vida silvestre da região,
isso vocês poderão ver nas imagens postadas nesta blog.
A tarde foi
encurtando e queríamos chegar antes da noite no destino final daquele dia, seria Piratini a próxima parada, abastecemos
em algum ponto a uns quarenta kilometros de Pelotas e seguimos viagem.
Notas: Na volta passamos pelo o grupo de ciclistas que havíamos encontrado antes na estrada.
Uma curiosidade à parte sem dúvida são os cães de rua nos postos de gasolina e nos locais turísticos, todos eles muito saudáveis e gordos.
Um grupo de motociclistas com motocicletas muito potentes cruzaram por nós no Taim.
A
Hístórica Piratiní
Depois de entrarmos
errado em uma das rotas recuperamos o rumo certo encontramos a BR 293 que segue rumo ao oeste do RS, nesta estrada
tudo mudou a viagem ficou mais leve, o asfalto impecável a paisagem lindíssima,
pois havíamos saído da região dos Neutrais e entrado na região da Campanha.
Andamos uns cem kms
até chegar a Piratini o que aconteceu ao por do sol, lá o clima era muito mais
ameno.
Como esta cidade
não era roteiro da viagem precisamos achar um hotel dentro das nossas
possibilidades financeiras, encontramos o lugar ideal o hotel Garibaldi, lá
fomos muito bem atendidos pelo amigo Lucas que não poupou esforços para que a
gente se acomodasse bem.
Como era
aniversário dos gêmeos Roberto e Norberto compramos uma carne e assamos um churrasco numa churrasqueira que
o Lucas nos liberou na parte dos fundos do hotel.
Depois a noite foi
rendendo muita música ao vivo, comida, brincadeiras, isto não tem preço, amigos
confraternizando numa inesquecível aventura.
Ponte Em Piratiní
O aniversário
Quarto Dia
São Lourenço Do Sul
No dia seguinte
depois do maravilho café no hotel Garibaldi seguimos caminho, desta vez para
São Lourenço do Sul onde planejávamos almoçar antes de pegar o trecho final
da volta. O caminho entre Piratini e a BR293 é todo asfaltado, seguimos num ritmo mais
lento neste trecho para podermos desfrutar da paisagem.
As praias de São
Lourenço são lindas e foi numa delas que almoçamos à sombra de um plátano.
Depois do almoço seguimos caminho para casa.
Chegamos em casa ao
final da tarde, graças a Deus todos bem e em segurança de volta ao aconchego de
seus lares, com muitas histórias para contar.
Na minha vida
não tive muitas oportunidades de viajar
em férias, mas não perdi a melhor de todas que foi esta aventura em duas rodas
com viatura de apoio e amigos que com certeza não poderia achar melhores para
uma viagem destas.
Deveríamos fazer
isso mais vezes, depois de uma aventura como esta, as “baterias” voltam
recarregadas, o nível de estresse baixa muito e o retorno em satisfação é enorme,
viagens assim como viajamos, sempre priorizando a segurança do grupo é um
investimento em prol da saúde física e mental de um ser humano.
Cuscada gorda e sadia pela estrada
Entre parentes
Casa histórica no Cristal
A foto acima ilustra uma parada em Cristal para uma breve visita a casa onde viveu Bento Gonçalves, um dos lideres da Revolução farroupilha.
Chegada em segurança em Guaíba
Nota: Percorremos no
total 1.400 kilometros pilotando as motocicletas, sempre priorizando a nossa
segurança. Nestes trajetos nenhum dos
integrantes do grupo em momento algum bebeu um gole sequer de cerveja ou outra
bebida com teor alcoólico antes de pegar a estrada para dirigir ou pilotar. Apenas
depois das jornadas percorridas de cada dia já acomodados nos hotéis ou pousadas, que cada
um, pela sua própria censura e consciência
bebia sua cerveja com moderação.
Guaíba 22/12/2013