domingo, 21 de setembro de 2014

Os Elos Do Passado

                                      Os Elos Do Passado


Nos meus 50 anos de idade dentro das passagens que a vida me deu sempre cultivei boas amizades, pessoas de boa índole que me são motivo de orgulho,  graças a Deus sempre tive a felicidade de escolher amigos que apesar  da mão do tempo nos ter dado cartas diferentes e traçado rumos divergentes ainda assim fazemos parte do mesmo baralho.
Algumas destas pessoas há muito tempo tento localizar, uma  se chama Sérgio Lacerda, convivemos por um longo tempo juntos, fui subordinado a ele em uma das empresas que trabalhei.
Ele era de uma generosidade rara, não media sacrifício para ajudar seus semelhantes, como dizíamos “uma mãe brasileira” um ser humano na mais humana das condições, grande e querido amigo.
Andava sempre pilchado de bota e bombacha, um shimitd 38 na cintura,
(tinha porte e registro) mas não sabia fazer mal a uma mosca sequer.
Nos vinte e poucos anos que se passaram eu não soube mais nada dele,
não foram poucas as vezes que tive vontade de procurá-lo, mas nunca havia destinado tempo para isto.
No Sábado dia 20 de Setembro de 2014 saímos de Guaíba eu e o Eliézer, nosso  destino era Charqueadas, íamos procurar a carta extraviada do baralho, fomos sem saber direito onde, eu só lembrava que ele comentou certa vez que morava perto de um hospital.
Chegamos a Charqueadas e em um “boteco”  perguntamos se alguém o conhecia, mas não tivemos sorte, seguimos adiante até o hospital da localidade e em uma oficina mecânica perguntamos novamente, a pessoa que nos atendeu indicou o local onde alguém com as descrições dele morava, andamos um pouco por lá e perguntamos novamente e outra pessoa confirmou.
Ao chegar a casa ele estava saindo no portão, o reconheci na hora, paramos as motocicletas e eu disse; “vim te cobrar seu caloteiro, tu me deve e vai pagar” ele olhou espantado,  não me reconheceu,   cheguei perto e me identifiquei,  ele ficou meio pasmo, nunca esperava me ver de cabelos grisalhos e cinqüentenário, abriu um grande sorriso e já foi puxando umas cadeiras para sentarmos.
Conversamos por horas, ele me relatou dos golpes que a vida lhe deu, confesso,  houve momentos que tive vontade de chorar.
Contou-me ele sobre as decepções da sua vida, e não foram poucas, hoje aposentado vive sozinho numa casa humilde depois de ter trabalhado tanto, é difícil aceitar que uma pessoa de coração tão puro e bom tenha tido tantos percalços pelo caminho.
Lembramos velhos amigos e muitas histórias esquecidas nalgum recanto da memória.
O tempo cobrou os juros  na conta da vida e nos fez mais velhos, mas com muito mais experiência também.
Fiquei feliz por telo encontrado, trocamos telefones e pretendo visitá-lo novamente em breve.

Ainda tenho bons amigos perdidos pelo mundo, mas pretendo “resgatá-los” assim que puder, se Deus me permitir e me der saúde para tanto.

Eu e o Sergio Lacerda, vinte anos mais velhos.
                                                
                                               Velhas histórias relembradas

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